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Segurança Pública na Bahia é caso para polícia, justiça e DH
18 vote Vera Mattos · Salvador (BA) · 27/10/2009 14:05 · 51 votos 
 
 


Não. Já não basta dizer que a segurança pública na Bahia é o caos. E que alguém encontre algum adjetivo para denominar um dos momentos mais dramáticos da história de Salvador. Acabo de saber que a mulher seqüestrada pela manhã foi encontrada morta. A filhinha dela foi deixada dentro do carro abandonado pelos seqüestradores e Deus permitiu que a criança continuasse viva. Mas a mãe está morta. Precisava isto?

O desencontro da Segurança Pública na Bahia é estarrecedor. Policial militar matando policial civil. A população teme a polícia de uniforme. A população treme diante de traficantes. Os pontos de drogas se multiplicam. Os usuários de crack perambulam pelas ruas. As mortes na periferia de Salvador já ultrapassam o limite do racional.

Os jovens negros continuam morrendo brutalmente assassinados sempre sob a máscara de crime praticado por serem ou usuários ou traficantes de drogas. As casas da periferia também são invadidas por policiais civis e militares sem qualquer ordem judicial. Esta semana alguns moradores que resolveram colocar o rosto na televisão falando da barbárie tiveram a casa incendiada. Precisava isto?

Todos os dias a cidade que é linda e que nasceu para ser feliz, torna-se uma cidade cinzenta e lacrimosa. Neste momento algumas famílias choram perdas irreversíveis.

A sociedade não tolera mais. Os policiais não toleram mais. A periferia não suporta mais. A cidade está asfixiada pela ausência de segurança pública. As Secretarias de Segurança Pública e de Justiça não se entendem. O governador Jacques Wagner aumentou o tom de voz para manter os policiais militares em atividade e postergar a greve. Precisava isto?

Ao citar Aracaju/Sergipe, o governador Jacques Wagner disse que os policiais de lá ganham mais porque não há como comparar a realidade sergipana com a baiana. E ainda disse que também não tem como explicar que o salário do Governador de Sergipe seja o dobro do dele.

Na verdade, o que o governador baiano tem que explicar não é a diferença entre os Estados. Temos toda uma periferia desamparada, temos cidades desamparadas, municípios desamparados. Delegacias fechadas, prisões lotadas, cemitérios clandestinos. A polícia militar com armas ultrapassadas. Viaturas insuficientes. Medo de vestir o próprio uniforme em seus bairros.

A polícia civil enfrentando uma forte crise depois da morte do perito na semana passada. A polícia militar chorando seus mortos. E mais de mil famílias chorando assassinatos que já estão arquivados, pois os mortos são em sua maioria negros, pobres e de periferia e acusados de pertencerem ao tráfico. Precisava isto?

Salvador é uma cidade literalmente a beira do abismo. A sensação que temos é que estamos em um país dentro do outro. A Constituição não é respeitada aqui. Se assim fosse as casas não seriam invadidas, os policiais apresentariam ordem judicial para busca e apreensão, as pessoas não seriam executadas friamente.

A cidade tem cor de sangue. Tem cheiro de mortos. Lamento profundamente ver os jovens negros baianos serem vitimas da matança. Lamento pelas mulheres vitimas de violência. Lamento por tantos assaltos a ônibus. Lamento por tanta história que não poderá ser concluída.

A população baiana perde a alegria. Largos, ruas e ladeiras estão cheias de moradores de rua. Gente que perambula sem casa, sem comida, sem chão. A injustiça social atinge proporções assustadoras. Precisava isto?

Onde estão os empregos para a população jovem? E as escolas em boas condições para a prática do ensino público? Será que eu posso perguntar a Wagner uma única coisa?
Se posso então lá vai: precisava isso???

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salvador |15.11.2009 - 10h05

Madrugada violenta: polícia registra 16 homicídios na capital


Redação CORREIO
Foi uma madrugada violenta na capital baiana e região metropolitana. De acordo com a Central de Telecomunicações das Polícias Militar e Civil (Centel), foram registrados dezesseis homicídios nas últimas 24h. Segundo o órgão, a média de crimes por noite na capital é de oito mortes. O que mais chamou a atenção da polícia foi a ocorrência de um casal baleado na Ladeira do Arco, por volta das 23h de sábado (14). Ivana Mendes da Silva Santos, 20 anos, estava grávida de seis meses e morreu na hora. Jairo Santos Bonfim Júnior, 25 anos, foi internado em estado grave no Hospital Ernesto Simões.

Na Ilha Amarela, o corpo de Genilton dos Santos Souza, 19 anos, foi encontrado com uma corda no pescoço e boiando em um córrego no começo da manhã de sábado. No mesmo dia, por volta das 15h, um homem (identidade ignorada) e aparentando 22 anos, foi morto a tiros em Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador. Neste mesmo horário, a polícia registrou um outro crime em Praia Grande. Luiz Carlos Santos Marques, 21 anos, também foi morto a disparos de arma de fogo.

Ainda de acordo com a Centel, em Pau da Lima, WIlker Cardoso Júnior, 22 anos, foi morto a tiros por volta das 13h de sábado. Já por volta das 18h30, Alex Ribeiro Nascimento, 22 anos, foi baleado em Águas Claras e morreu na hora. A Centel informou que um jovem de 18 anos morreu vítima de estrangulamento no bairro de Valéria. Os policiais ainda não tem nenhum suspeito ou motivação para os crimes.

Um outro crime registrado pela Centel aconteceu na região da Prainha do Lobato. José Fernando Faustino de Souza, 23 anos, foi morto por volta das 23h e também vítima de disparo de arma de fogo. Já no Bom Juá, um homem, ainda com identidade ignorada pela polícia, foi baleado e morto no viaduto do bairro do Bom Juá. Já na Calçada, Robson Silva Leite, 28 anos, foi morto a facadas. Na região metropolitana de Camaçari, Fágner Mendes Rodrigues, 21 anos, foi assassinado por disparos de arma de fogo.

Segundo a Centel, Nailton Francisco da Cruz Reis, 30 anos, foi morto a tiros na região de Vila de Abrantes, A polícia ainda desconhece o motivo e a autoria do crime. O mesmo caso aconteceu em Santa Cruz, onde um homem, aparentemente com 29 anos, foi morto a tiros na madrugada deste domingo (15). A Polícia Rodoviária Estadual (PRE) registrou um homicídio na BA-528, em que um homem foi morto a tiros na estrada da Base Naval.

Na Baixinha do Santo Antônio, a Centel informou que Cristiano Batista, 39 anos, foi morto a tiros nesta madrugada de domingo, por volta das 2h30. Os policiais ainda informaram que foram registrados nas últimas 24h seis veículos furtados e nove roubados, além de três assaltos coletivos registrados na Pituba (dois) e na Fazenda Coutos. Segundo os policiais, os três praticados por uma mesma quadrilha formada por três bandidos. A polícia ainda não tem pistas sobre ele.

Essa é " a Bahia de todos nós".

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Os números da violência na Bahia estão crescendo num ritmo assustador na Bahia. Nas últimas 48 horas, da noite de sexta-feira (13) até o início da manhã de hoje (16), a Central das Polícias Civil e Militar (Centel) registrou 28 assassinatos em Salvador e na região metropolitana. Entre os casos estão homicídios, suicídios, balas perdidas e troca de tiros.

Nesta segunda-feira (16), a bancada de oposição na Assembleia Legislativa da Bahia repercutiu  no plenário da Casa os números da segurança pública no estado. O líder da oposição, deputado Heraldo Rocha (DEM) ressaltou em seu pronunciamento o alto índice de criminalidade e violência. "Os dados são irrefutáveis.  Pelo volume de investimentos, fica claro que a segurança pública não é a prioridade do atual governo", alfineta Heraldo Rocha.

O deputado Carlos Gaban (DEM) diz que o aumento da violência é proporcional

à falta de investimentos em segurança pelo estado."No primeiro ano de governo Wagner foi investido menos de 50% em segurança pública, um montante de R$ 58,7 milhões. Em 2008, só foi investido apenas R$ 22 milhões. Em 2009, dos R$ 168 milhões para investimento, o governo não usou nem 10%. Só foi utilizado até o momento R$ 15,4 milhões", avalia o democrata.

Guerra civil - O ex-governador e presidente regional do Democratas, Paulo Souto repercutiu as denúncias sobre o aumento da violência na gestão do governador Wagner durante encontro regional da legenda, na cidade de Riachão de Jacuípe.

Segundo Paulo Souto, os números da violência na Bahia são assustadores e só tendem a crescer devido à falta de ação e de planejamento do atual governo. Entre 2006 e 2008 o número de homicídios no estado cresceu mais de 70%. Chegaremos ao final deste ano com mais de 12 mil baianos assassinados em três anos de governo do PT. Isso é quase o dobro do número de soldados mortos nas guerras do Afeganistão e do Iraque, que duram oito e seis anos, respectivamente”, disse.

Souto diz que entre o início de 2007 e o final deste ano a Bahia deve chegar à marca de 12 mil homicídios, patamar que pode ser comparado a alguns conflitos internacionais.